Friday, May 16, 2014

Extravangante Editor


 
E 2013 o escritor Fernando Dacosta lançou um livro sobre Natália Correia, sobre o seu Botequim; "como Natália Correia, a partir de um pequeno bar de Lisboa, marcou o século XX português." Nesta edição da Casa das Letras, não poderia faltar um capítulo (mesmo pequeno), sobre Fernando Ribeiro de Mello, que fez parte do círculo de amigos da poetisa nascida nos Açores:
 
Extravagante Editor
 
Um ano antes do desaparecimento de Natália Correia morre Fernando Ribeiro de Mello, extravagante e ousado (e falido) editor, que marcou o mundo literário de então com a modernidade, a qualidade das suas edições – graficamente inovadoras, tematicamente perturbadoras, publicitariamente provocadoras. Compreendendo que esse era o triângulo  do êxito do seu ramo, Ribeiro de Mello desenvolveu-o, revolucionando-o de maneira inigualável.

A empatia entre ele e Natália Correia foi imediata e inquebrável, através de cumplicidades, permanentes na afirmação da liberdade e da exigência.

«Émulo de Salvador Dalí», na caracterização de alguns amigos (pela extravagância da pose, dos bigodes, dos desafios), deve-se-lhe o lançamento de obras como o Kama-Sutra – Manual do Erotismo Hindu (1965), a Antologia Portuguesa Erótica e Satírica (1966), de Natália Correia, e A Filosofia na Alcova (1966), do Marquês de Sade, o que lhe valeu vários processos judiciais por «ultraje aos bons costumes »; bons costumes que Ribeiro de Mello questionara antes e depois do 25 de Abril, através dos livros que publicou, das posições que tomou, dos reveses que enfretou – nisso era siamês de Natália.