Thursday, June 14, 2007

Jorge Silva Melo

Jorge Silva Melo(JSM), Aníbal Fernandes, Ernesto Sampaio, Isabel Hub Faria, Luiza Neto Jorge e Manuel João Gomes foram os tradutores da Antologia do Humor Negro, de André Breton, Edições Afrodite, Lisboa, Abril de 1973. Dos 45 autores que integram a Antologia, coube a Jorge Silva Melo a tradução dos textos de Friedrich Nietzsche, John Millington Synge, Francis Picabia, Hans Arp e Pablo Picasso.
No Século Passado, encontramos um texto que o fundador dos Artistas Unidos publicou da revista Relâmpago em Abril de 2006, intitulado, Luiza Neto Jorge: A Falta, onde JSM evoca a poetisa que para as Edições Afrodite traduziu O Supermacho, de Alfred Jarry. Nesse texto, há duas singelas referências ao que interessa a esta página:

«E as tardes passaram a ser à mesa de café com a Luiza, anos a fio, estando bom tempo, no Monte-Branco, depois no Monte-Carlo, mal o frio descia. E eram longas tardes, demoradas tardes sem assunto, uma bica, horas a conversar e os amigos dela a chegarem, o Ramos Rosa, (a que ela sempre chamou “o Rosa”), o Herberto, o Gastão, (não me lembro da Fiama nesses cafés, a vida dela era outra), o Ribeiro de Mello, e todo o grupo dos parisienses exilados cá por dentro, o Pignatelli, o Carlos Ferreiro, o Forte, e era muitas vezes a Luiza a única mulher, em mesas por vezes de muita mas mesmo muita gente, dez, doze pessoas, todos falando de coisas comuns, piadas, histórias do dia, iam e vinham as pessoas, a Luiza e mais dois ou três íamos ficando.»

«Donde, desde cedo me convenci que a sua oralidade - que a Luiza tão bem soube trabalhar nas traduções e nos diálogos para cinema – era avessa à sua poesia, mundos paralelos, estanques feitos de tempos diferentes. E havia ainda a sumptuosidade das suas traduções propriamente ditas, as que fazia por empenho literário, Céline, Queneau, a Antologia do Humor Negro, os da sua família electiva. Ou a ferocidade do Verlaine pornográfico. Um caso particular será ainda o Roussel das Descrições de África, tão dela como dele, obra central nesses seus anos finais, pastiche de pastiche, tradução de brinquedo.»

Biografia da página dos Artistas Unidos:

Jorge Silva Melo nasceu no dia 7 de Agosto de 1948 em Lisboa. Estudou na London Film School. Fundou e dirigiu, com Luís Miguel Cintra, o Teatro da Cornucópia (1973/79). Bolseiro da Fundação Gulbenkian, estagiou em Berlim junto de Peter Stein e em Milão junto de Giorgio Strehler. É autor do libreto de Le Château dês Carpathes (baseado em Júlio Verne) de Philippe Hersant, das peças Seis Rapazes Três Raparigas, António, Um Rapaz de Lisboa, O Fim ou Tende Misericórdia de Nós, Prometeu, Num País Onde Não Querem Defender os Meus Direitos, Eu Não Quero Viver baseado em Kleist, de Não Sei (em colaboração com Miguel Borges) e O Navio dos Negros. Fundou em 1995 a sociedade Artistas Unidos de que é director artístico. Realizou as longas-metragens Passagem ou A Meio Caminho, Ninguém Duas Vezes, Agosto, Coitado do Jorge, António, Um Rapaz de Lisboa e os documentários António Palolo e Joaquim Bravo, Évora, 1985, etc, etc, Felicidades. Traduziu obras de Carlo Goldoni, Luigi Pirandello, Oscar Wilde, Bertolt Brecht, Georg Büchner, Lovecraft, Michelangelo Antonioni, Pier Paolo Pasolini, Heiner Müller e Harold Pinter.